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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O neo pelego.

PELEGO, você já ouviu essa palavra e sabe o que ela significa?

Pelego é um termo que significa "capacho", mas também significando o trabalhador que atua contra os interesses de seus colegas de trabalho. É usado de várias maneiras e devido a essa diversidade, deixamos abaixo o trabalho do eminente professor Heitor Scalambrini Costa da Universidade Federal de Pernambuco, para reflexão. Pensemos no NEO PELEGO, ou o novo pelego ou novo peleguismo. 

“... Mas como se pode definir esse trabalhador que se acovarda, que aceita tudo o que o patrão e o governo querem, sem questionar?” 

Em nossas vidas temos nossas responsabilidades, e em uma pequena cidade onde os governantes ai estão há mais de 25 anos, eles conseguiram marcar as pessoas pelo medo, diante de suas decisões arbitrárias e perseguições que fazem. 

Mas, está acontecendo uma REVOLUÇÃO silenciosa e as coisas começam a mudar.

Aconteceu que várias pessoas não aceitam mais esse grau de injustiça e têm se valido de seus direitos, batendo nas portas da Justiça. Mesmo lenta, a Justiça vem revertendo a situação de vários funcionários da Prefeitura de Guararema que foram injustiçados pelo grupo que domina a Cidade há anos.

Muitos já foram reintegrados.

É uma situação difícil e estressante, porque a demora para a Justiça se pronunciar tem sido muito grande, mas o resultado tem sido alentador. E tem sido alentador por dois motivos: o primeiro, porque a injustiça praticada pelos prefeitos dos últimos 25 anos têm sido corrigidas; o segundo, porque as pessoas têm se rebelado contra as injustiças e quando conseguem suas vitórias "pessoais", servem de exemplo para as demais pessoas de que é possível mudar uma situação de injustiça. 

“Pelego é aquele trabalhador que não sabe o significado da palavra solidariedade, o egoísta que não consegue ver nada além de suas próprias e momentâneas necessidades ; ... não consegue olhar nos olhos de seus companheiros, porque se sente uma sub-pessoa, uma não-gente, pois lhe falta uma parte essencial a todo ser humano que se preze: o brio, a coragem, o amor próprio, a nobreza de caráter, enfim.” 

As pessoas de caráter, e Guararema tem muitas pessoas assim, aquelas que são nomeadas ou passaram nos exames e agora são funcionários concursados e que têm suas famílias e/ou suas carreiras para cuidar, ficam acuadas com tamanha pressão que é executada; tudo pela ganância do poder e que, às vezes, sentem que nada podem fazer, já que os fatos são deturpados e as pressões começam a existir e se bobear toma sindicância e são injustiçadas. Então, essas poucas decisões, que favoreceram alguns funcionários, têm servido de alento para que esses bons cidadãos e cidadãs saibam que é possível sim acreditar na Justiça e que a injustiça, ainda que tardia, tem hora para acabar. 

Afinal, para gente de caráter, é deplorável ter que viver dessa maneira: com medo e sem reagir, por ser coisa de gente com falta de caráter, de pessoas pequenas que nada sabem, a não ser viver na sombra do poder e levar inverdades ou fatos deturpados aos mandatários e à população. 

Alguns funcionários são “obrigados ou induzidos” muitas vezes a executar funções ou atos contra sua vontade e índole, somente para obedecer mentes distorcidas. Alguns se enrolam de tal maneira que quando querem sair são veladamente ameaçados de sua atitude ou ato anterior praticado. É o preço que alguns, infelizmente, pagavam por serem pelegos.

Mas, o CARÁTER falou mais forte e, não aguentando mais a situação, alguns corajosamente estão mudando de atitude, porque sabem que a Justiça está de seu lado, e os dirigentes não querem ver cada vez mais seu nome envolvido em perdas judiciais que prejudicam seu nome, porque além de politicagem, nada sabem fazer. 

Suas mentiras e sonhos descabidos estão sendo derrotados um a um na Justiça.

Em Guararema chega de medo; procure seus direitos, conte aos seus amigos a verdade dos fatos, não deixe que alguns interesseiros falem inverdades; não deixem que fatos inverídicos e fabricados pelos dirigentes continuem a circular, vamos moralizar nossa Cidade.

Vocês, funcionários públicos de Guararema, têm grande valor!

Quem não quer fazer parte desse caldeirão de podridão, onde tudo é feito com dinheiro publico sem prestar contas a população tem solução. 

Esses oportunistas que somente vem do dinheiro publico uma forma de beneficiar sua vida, vamos combater esse estado de espirito, efetuem suas denuncias ao Ministério Público elas são sigilosas, vamos acabar com esse estado de coisas, e viver sem a pressão dos dirigentes. 

FORMULÁRIO “via rápida para cidadania” http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_civel/Via_Cidadania
Envie o formulário preenchido por e-mail para viarapidacidadania-csdh@mp.sp.gov.br
Termo de Cooperação Técnica “via rápida para cidadania”. http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_civel/Via_Cidadania/TERMO%20COOP%20em%204-2-2010%2012-14.pdf 
Termo de Cooperação Técnica “via rápida para cidadania” entre o Ministério Público do estado de São Paulo e o Centro “Santo Dias” de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo.


Continuem contando com o meu apoio e trabalho no combate aos desmandos dos dirigentes, e o mau uso da utilização do dinheiro publico . 

Jacy de Pádua 


O neo pelego


 Por Heitor Scalambrini Costa
para o Acerto de Contas 

No instrumental dos peões, pelego é um pano grosso e dobrado, ou uma pele de carneiro curtida, mas ainda com a lã, que se coloca em cima do arreio. O cavaleiro monta sobre o pelego antes de montar sobre o cavalo. Conforme o mestre Aurélio, pelego é: a pele do carneiro com a lã; pele usada nos arreios à maneira de xairel; indivíduo subserviente, capacho. É sobre essa última definição que quero comentar. 

O termo pelego foi popularizado durante o governo de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Imitando a Carta Del Lavoro, do fascista italiano Benito Mussolini, Vargas decretou a Lei de Sindicalização em 1931, submetendo os estatutos dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Pelego era então o líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade ao Estado. Décadas depois, o termo voltou à tona com a ditadura militar. Pelego passou a ser o dirigente sindical apoiado pelos militares, sendo o representante máximo do chamado sindicalismo marrom. A palavra, que antigamente designava a pele ou o pano que amaciava o contato entre o cavaleiro e a sela, virou sinônimo de traidor dos trabalhadores e aliado do governo e dos patrões. Logo, quando se chamado de pelego, significava que a pessoa era subserviente/servil/dominada por outra, ou seja, capacho, puxa-saco, bajulador.

Mas como se pode definir esse trabalhador que se acovarda, que aceita tudo o que o patrão e o governo querem, sem questionar? Pelego é trabalhador que se deixa montar pelo patrão e/ou pelo governo; é o que não consegue reagir frente à humilhação; é quem não luta por seus direitos, por medo das consequências; é o pusilânime que se esconde atrás de desculpas esfarrapadas para justificar a própria covardia; o que não tem coragem de lutar, o(a) COVARDE, enfim, o que se esconde atrás daqueles que lutam, aproveitando da peleja alheia como um parasita. Pelego é aquele trabalhador que não sabe o significado da palavra solidariedade, o egoísta que não consegue ver nada além de suas próprias e momentâneas necessidades; é aquele( a) que, terminada a greve, não consegue olhar nos olhos de seus companheiros, porque se sente uma sub-pessoa, uma não-gente, pois lhe falta uma parte essencial a todo ser humano que se preze: o brio, a coragem, o amor próprio, a nobreza de caráter, enfim. 

Em tempos mais recentes, com a eleição do governo Lula, presidente originário do movimento sindical, os movimentos sociais foram cooptados e trazidos para dentro do aparelho do Estado, e lá eles se neutralizaram, se anestesiaram, se despolitizaram. O “oficialismo” tirou qualquer possibilidade de crítica e de reivindicação política. Os sindicalistas, militantes tornaram-se assim, em muitos casos, funcionários do governo. E agora, quem arbitra e decide tudo é o presidente. De fato, esses movimentos, os trabalhadores e muitos sindicatos confundiram a necessária postura de autonomia que deveriam manter em defesa dos direitos dos trabalhadores, e não souberam lidar com esta realidade. Tornaram-se parceiros, associados do governo e dos patrões, chamados agora de neo pelegos . Todos irmanados no mesmo interesse, como se fosse possível apagar, negar as classes sociais.

Como se não existisse mais o capital e o trabalho. Existe maior embuste? Sem deixar de mencionar que tiveram mais recentemente, aprovado o imposto sindical, e que recebem recursos financeiros de vários Ministérios e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). 

Só a militância crítica há de nos livrar da sina de ser neo pelego . Afinal, a gente pode até morrer teso, mas nunca perdendo a pose. Tudo pode ser tirado, mas não se pode tirar a coragem de lutar de uma pessoa decidida. Recuso-me a sair da militância política pela construção de uma sociedade justa, solidária, que leve em conta a humanidade dos homens e mulheres em qualquer parte do mundo. Não é esta a grande e universal luta dos trabalhadores? 

Ser neo pelego? Nenhum trabalhador ou trabalhadora jamais deveria passar por essa infâmia.
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* Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco

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