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segunda-feira, 5 de julho de 2010

João-de-Barro


                           Crônica para o amigo do povo

Ele está altivo, na porta da sua casa, ainda em construção, porém já quase na fase final. Ainda há resquícios de barro fresco ao longo da parede. A casa está sobre um galho e atrás deste galho há ramos. Pela foto não consigo distinguir o tipo de árvore. Observo no seu olhar um misto de curiosidade e susto.

Esta foto do joão-de-barro recebi de um amigo e junto com ela uma mensagem: escrever uma crônica inserindo o joão-de-barro e o aumento dos impostos. Me fez uma breve relato do que está ocorrendo na cidade: foi aprovada, segundo este meu amigo, uma lei, no qual a cidade, mesmo nos lugares distantes, tornou-se zona urbana e acompanhado com esta alteração vieram os aumentos abusivos de impostos.

Pequenos produtores, possuidores de sítios pequenos, porem, muito maiores que o terreno da cidade tem agora que pagar uma fortuna de impostos, inviabilizando até mesmo manter a chácara.

Sua sugestão foi relatar na crônica a insatisfação do joão-de-barro, desenvolver uma fábula no qual o pássaro dialogue com alguém, quem sabe até com outro pássaro ou mesmo o sol. Acho que o sol seria melhor. Cheguei até a imaginar um diálogo entre o sol e o pobre João. Ele acordando de manhã, não mais o saudando com aquele canto brilhoso, festivo, junto com a sua companheira. Mas sim à dizer um bom dia apagado, tristonho. E claro, o sol a lhe perguntar: o que foi? por que esta tristeza toda? Ele a responder com ar de lamentação: este bairro, tornou-se perímetro urbano, vou ter que pagar imposto. Não tenho condição. Vou me embora, eu e a minha companheira.

Imaginei um diálogo assim. Não levei adiante. Achei muito direto, sem poesia de roça, sem sensibilidade. Senti um cheiro de política. E como política ultimamente não tem tido um odor muito agradável, imaginei também inserir até revoada de urubu.

Amigo, como prometi, aqui está a crônica, não sei se a mesma saiu no tom que você queria. Fico sentido pelo joão-de-barro e mais ainda pelo povo, não só da sua cidade, mas sim do País inteiro. Infelizmente nosso povo, na sua grande maioria, analfabetos de consciência outros analfabetos das letras, ainda desconhecem o grande poder que tem nas mãos. Porém, uma coisa é certa, enquanto existir pessoas como você, a esperança da mudança, da renovação, estará sempre acesa.

Ia me esquecendo, obrigado pela foto, me fez voltar a minha infância, ao meu Itapema, bairro onde nasci e cresci, aí em Guararema.

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

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