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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DIVERSOS ROSTOS DA INFÂNCIA

E suas respectivas formas de educação
Osvaldo Julio da Cunha Junior

Após 16 anos trabalhando como Secretário de Escola, geralmente em escolas de bairros de periferia, tenho presenciado a infância com tantos rostos diferentes, características de tantas famílias distintas... Famílias “tradicionais” (com pai, mãe, irmãos), ou de pais separados, famílias constituídas apenas de avós, tios e primos... Cada uma delas com suas culturas, suas peculiaridades.

A grande maioria diferente daquelas que nos acostumamos a ver na televisão, geralmente nas telenovelas. Crianças bonitas, bem cuidadas, tendo uma boa educação na escola e transmissão de valores em casa. Mas como é a infância da vida real?

Há aquela criança que vive com pai e mãe trabalhadores, onde geralmente a educação informal é responsabilidade da avó, ou de uma tia.

Há também casos de filhos de desempregados viciados, os quais passam a maior parte do dia tendo estes como exemplos, sem uma perspectiva de futuro.

Outras crianças simplesmente ficam perambulando pela rua, enquanto não estão dentro do ambiente escolar (isso quando matriculadas numa escola).

Em todos os casos, acaba sobrando uma grande responsabilidade para a escola, que sem o apoio das famílias não pode fazer muita coisa.

Ainda hoje, em nosso país, há casos em que a criança acaba tendo que ajudar, muito cedo, nas finanças da casa. Seja auxiliando os pais na roça ou num pequeno comércio, seja em cruzamentos vendendo balas ou pedindo esmolas. A escola, neste caso, deixa de ser uma prioridade, já que os valores ensinados são muito diferentes das prioridades das famílias.

Diz nossa carta magna que a educação é um direito de todos. Aliás, desde a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) e da atual LDB (Lei 9.394/96), passou a ser um dever do Estado e uma obrigação dos pais. Porém, ainda resta um longo caminho para que o que está previsto na legislação vigente seja uma realidade para todos os brasileiros.

De nada adiantam políticas assistencialistas se estas não estiverem relacionadas a outras que visem dignidade, de modo que os beneficiados por estas políticas possam deixar de ser dependentes deste ou daquele programa governamental, andar com suas próprias pernas e, assim, existir uma real inclusão de todos.

Torna-se necessário um esforço conjunto do Estado, da sociedade civil como um todo, e principalmente uma conscientização do professor sobre seu papel de educador e formador de cidadãos, e dos pais no seu dever de educar e acompanhar o desempenho de seus filhos na escola e fora dela.

Não se pode perder de vista que a criança de hoje é o adulto de amanhã. Sem essa conscientização, que rosto terá a infância do futuro?

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

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