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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um milhão de assinaturas para uma nova política

Proposta de lei de iniciativa popular, a exemplo da Ficha Limpa, é defendida e apoiada pela CNBB
www.aquidiocesedesaopaulo.org.br – 20 a 26 de maio de 2014 – geral 13 

Edcarlos Bispo
Redação 

Depois das manifestações ocorridas em junho de 2013, o País viu emergir, por parte da população, dezenas de anseios e pedidos. As pautas eram as mais diversas – impeachment da presidente Dilma e do governador Alckmin; aprovação ou veto a uma centena de PECs; porcentagem do PIB para a educação, entre outros temas. 

Os políticos, querendo acalmar o povo e aparentando ouvir o “clamor das ruas”, apressaram-se em aprovar medidas provisórias e propostas de emenda à Constituição que, ao menos na teoria, favoreciam o povo de forma geral.  


A grande massa saiu das ruas, porém os grupos de militantes que antes de junho de 2013 já ocupavam as ruas continuaram a propor pautas e reivindicações de mudança. Uma delas, que vinha sendo discuta há alguns anos, ganhou força e foi acolhida por diversos grupos e movimentos sociais. A reforma política. 

Com essa pauta, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e mais uma centena de entidades da sociedade civil, criaram uma Coalizão pela Reforma Política.  

“A Coalizão é o resultado de uma ação conjunta de entidades que, em reunião na CNBB em agosto de 2013, aprovaram o Manifesto da Sociedade Civil por uma Reforma Política Democrática, e a proposta de projeto de lei de iniciativa popular, cuja finalidade é desencadear uma campanha pela efetivação imediata da reforma política, numa perspectiva democrática.  

A proposta da Coalizão tem como principais pontos: o afastamento definitivo do financiamento de empresas nas campanhas eleitorais (principal fonte da corrupção eleitoral e política); a igualdade de representação política entre homens e mulheres (apesar das mulheres representarem 51% do eleitoral, hoje elas têm cerca de 9% dos quadros de representação política); eleições proporcionais em dois turnos (voto num programa de governo e depois nos candidatos) e a participação soberana e constante do povo em decisões nacionais (através de plebiscitos, projetos de lei de iniciativa popular e referendos)”, afirmou Robson Sávio Reis Souza, 45, doutor em Ciências Sociais, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-Minas e Arquidiocese de BH (Nesp). 

A proposta da Coalizão visa recolher mais de 1 milhão de assinaturas para a criação de uma lei de iniciativa popular, como no caso das leis 9.840 e a da Ficha Limpa. “A população está exausta e cada vez mais atenta e exigente em  relação aos direitos que lhe são negados. Neste momento, é mais do que importante uma Reforma Política para garantir a efetiva participação popular nas decisões dos poderes executivo, legislativo e judiciário, por meio de plebiscitos, referendos, leis de iniciativa popular, no controle das ações desses poderes, no controle do poder econômico e da mídia”, afirmou a coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo, Carmen Cecília de Souza Amaral, a Caci. 

Para Caci, o Brasil está atrasado nas reformas de base. “Reformas de base: reforma urbana, reforma agrária, reforma tributária, democratização dos meios de comunicação. O povo sofre as consequências deste atraso e convivemos com perversa estratificação social: poucos moram nos jardins e frequentam os shoppings, muitos precisam fazer ‘rolezinhos’ para aí adentrar. O povo pobre, jovem, negro continua sendo assassinado pela polícia e pelo tráfico”.

Como Funciona
A ideia é que o projeto seja transformado em lei até setembro de 2015, para que esteja valendo para as eleições municipais de 2016. Por isso, a Coalizão pela Reforma Política disponibiliza diversos materiais como cartilhas, cartazes e folders para o aprofundamento e o estudo sobre o tema, além da possiblidade online de assinar a petição (www.eleicoeslimpas.org.br).  

As diversas entidades que compõem a Coalizão, convidam a população a estudar e se aprofundar no tema da reforma política, que possui diversos pontos (leia os principais ao lado), além de ser multiplicadora e divulgadora do tema. 

“O principal mote da campanha é convencer o cidadão de que o sistema político atual não responde às muitas demandas da população; produz corrupção; é pouco transparente; mantém estruturas de representação elitistas e afasta os eleitos dos eleitores. Portanto, para que os representantes estejam mais próximos dos anseios e das demandas populares e represente, de fato, a população (e não grupos e interesses econômicos), é necessária uma reforma democratizante de todo o sistema político atual”, afirmou Robson.

Proibição da doação por empresas

98% do dinheiro das campanhas vem do caixa grandes empresas. Empreiteiras e bancos são os maiores doadores. O resultado disso é muita desigualdade, pois não dá para concorrer com igualdade de chances contra as candidaturas milionárias. Além disso, as empresas não doam por ideologia, mas por lucro. Depois, recebem tudo de volta na forma de contratos públicos. Por isso, as doações de campanha têm feito parte dos maiores escândalos políticas no Brasil. 

Severa punição para o caixa dois em campanhas eleitorais
Criminalizar a conduta de quem realiza caixa dois nas campanhas eleitorais, prevendo penas de dois a cinco anos de reclusão para esse crime. De acordo com o projeto de lei, responderão pelo crime de prática de caixa dois, além do candidato, os integrantes do comitê financeiro e quem efetuar doações ilegais do recurso. 

Novo sistema eleitoral
Precisamos de partidos que cumpram o que prometem. Mas para isso precisamos que eles exponham claramente os seus programas, a sua ideologia. Hoje ninguém mais sabe o que defendem os partidos. Precisamos deixar isso mais claro. Ao mesmo tempo, nosso povo não abre mão de dar a palavra final sobre os eleitos. Por isso, a sociedade brasileira criou um sistema eleitoral inovador. Nele, o eleitor vota, primeiro, no partido e depois no candidato. É um sistema de votação em dois turnos, assim como já acontece nas votações para presidente e governador, por exemplo. É o que chamamos de “Voto Transparente” . O eleitor fica sabendo exatamente qual o efeito do seu voto. 

Redução do número de candidatos
Fazendo uma situação da aplicação do sistema do Voto Transparente nas eleições municipais do ano passado, verificando que, se o modelo já houvesse sido implantado, nós teríamos uma redução de 73,5% do número de candidatos. Hoje, temos candidatos demais e programas partidários de menos. Por isso, as eleições são tão caras e não fiscalizáveis. O sistema que propomos é muito mais barato. Com menos candidatos, será mais fácil conhecer quem está na disputa para escolher quem mais merece o voto. E fica muito mais fácil ver se algum deles está praticando ilegalidades na campanha.  

Fim do “vota em um, elege outro”
Já viu isso? Está cada vez mais comum chamarem pessoas famosas para atraírem votos para o partido. O resultado é que acabam sendo eleitos outros candidatos nos quais os leitores jamais pensariam em votar. Nosso sistema é tão ruim que permite que o voto dado a uma candidato beneficie outro sem que o eleitor entenda como isso acontece. No voto transparente, acaba-se com isso. O voto só beneficia o candidato que o recebeu; ninguém mais.


“Tudo que é preciso para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem nada façam." (Edmund Burke)

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