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domingo, 9 de maio de 2010

Gabirus, Capitães-do-mato, Baguás e Aias de companhia.

Este era o tema da pesquisa daquele menino, cursando ensino médio em uma das escolas mais respeitadas da cidade.

Pernambuco era, no século XIX, a mais importante província do nordeste, graças ao açúcar e, por isso, seus políticos gozavam de grande influência no Rio de Janeiro.

Um terço dos engenhos era propriedade de uma única família (os Cavalcantes). Outra família importante (Rego Barros) disputava o poderio político da província. Eram famílias conservadoras, também apelidadas de "Gabirus" (nome de um tipo de rato).

Desse modo, a totalidade dos indivíduos dependia direta ou indiretamente destas famílias poderosas que conduziam a sociedade tendo em vista, exclusivamente, os seus interesses. Conta a história que, em 1847, os principais chefes Gabirus comandaram um movimento contra os resultados eleitorais. Fizeram tudo para impedir a posse dos senadores da oposição. Pressionado por essa Revolta dos Gabirus, o Senado decidiu anular as eleições.

Vivia-se numa sociedade escravocrata. A escravidão foi base de sustentação da economia brasileira até o final do Império.

No século XIX, os negros não eram considerados gente e ai daquele que tinha canelas grossas! Dizia-se que os negros de canelas grossas eram considerados preguiçosos e inaptos para o trabalho.

O escravo era propriedade de seu senhor que era responsável apenas por garantir os elementos básicos à sua sobrevivência (alimentação e vestimentas). De resto, via-se a superexploração dos seus serviços braçais.

Cabe aqui um parenteses: O significado da palavra trabalho se origina do latim tripalium (três paus) - instrumento de tortura utilizado para subjugar os animais e forçar os escravos a aumentar a produção.

O cativo era vigiado pelos chamados “Capitães-do-mato”, que também capturavam os fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos.

Entre os escravos, devo destacar as figuras dos Baguás e dos Negros de classe.

Os escravos eram considerados "animais", porém cada senhor tinha seu(s) escravo(s) preferido(s). Eram os Negros de Classe, escravos obedientes e serviçais que escoltavam os senhores em suas andanças. Muitas vezes eram tão fiéis que denunciavam os companheiros que tramassem alguma coisa contra o seu senhor. Por isso, os "negros de classe" gozavam de regalias. Não faziam o trabalho duro da roça como os outros escravos.

Muitas vezes, em retribuição, o senhor dava a permissão ao "negro de classe" virar "Baguá" (Reprodutor). Mas para ser "Baguá" não bastava ser obediente. Era preciso também ser forte e robusto aí sim, a promoção para "Baguá" era rápida.

Portanto, Baguás eram os "garanhões" credenciados para engravidar escravas.

Os senhores de engenho pensavam que, se as escravas fossem engravidadas por escravos desobedientes, os filhos dessa união puxariam a índole do pai, isto é, tornar-se-iam desobedientes.

Na outra ponta desta estória, diz a crença popular, que as negras de canelas finas, além de chamadas para o serviço doméstico, também eram ótimas para servir aos seus senhores. Estas eram chamadas de Aias de Companhias.

Ass: Cidadão Anônimo (também é cultura)

Comentários: É... estamos no século XXI. Para bom espectador, meia História basta.

Depois de mais de 150 anos, as terminologias podem ter mudado; vivemos numa sociedade capitalista, teoricamente, o fim do escravismo foi assinado em 1888 com a Lei Áurea, mas os fundamentos são praticamente os mesmos e sabe-se que são aplicados nos mais diferentes rincões deste País.

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

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