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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

PERGUNTAS DE JOSÉ, UM CIDADÂO GUARAREMENSE

Escrito por Orlando Pinheiro

Sabe dotor, eu sô o Zé. Eu votei na úrtima ileição prum cidadão que garantiu que ia fazê acontecê um novo tempo na nossa cidade veia e sofrida. Viero os hóme falando di saude de primero mundo, coisa que nunca tivemo, mai agora tão dizeno que a mortandade das criança cresceu?. E o povo acha isso normar. Falam de lá i de cá, i o povo careceno de recurso.

Sabe dotor, eu num alembro im quem votei prá verador...Mai num fais mar. É só escuitá, que é tudo a mesma coisa. Ninhum se alevanta falano grosso, inzigino nossos dereito. Ninhum é capaiz de chegá no prefeito e cobrá oino no zóio do home as promessa da campanha. Tem mato invadino estrada.... A farta de cunserto quasi já levô pro fundo d’água treis carro e ninguém pois fé no pirigo que é aquela istrada i ainda querem dizê que é a istrada do turismo.

Sinhor Bom Jesuis! O que há de sê daqui pra frente? Tem um lá na sessão que fala, fala ia a gente num sabe o que ele diz. Acho que é porque é caipira que nem nóis i pur isso num consegue se expricá. Agora tem um outro, que se num cobra como deve cobrá, desabafa falano bobage. Tudo mundo fica quetinho. Afinar, bobage tudo eles fala. Dizim que aquele salão onde eles se reúne é que nem ua igreja. Tem que te muito respeito. Se não tivê pelo cumpanheiro, que tenha pelo menos pelo crucifixo i pela Bribia que é lida antes dos trabaio.

Mais falano de pogressio dotor, mai ua veiz eu fui inganado. Eu, a muié, os fio i o cumpadre Belarmino prá quem eu pidi pra votá nos home. Cumpadre Belarminbo votô acreditano que consertavum aquele pedaço de estrada di Guararema. O cumpadre dele tomem votô pensano que iam aumentá o cimitério Municipal, mai quá!. O sogro do compadre Belarmino acrediô que davum jeito na ponte do Itapema i nas estradas...Mais quá! O jeito é pegá na inchada i continuá viveno sem nunca mais acreditá nesse bando de forgado que só percura a gente no tempo de ileição. Eles vem batê nos ombro da gente, se ofereceno. Parecem muié da vida...

E a Santa Casa? E o passe da escola do fio do cumpadre Belarmino que ta istudano notra cidade? E a cachorrada largada na rua, tudo na frente dos açogue, porque os que tão preso lá perto do asilo tão se cumeno vivo. Por falá im asilo, parece que este tomem tá nos úrtimo suspiro prá fechá as porta. O cumpadre Belarmino acha que é mio fechá a cidade e i simbora i vortá a sê bairro da Fazenda. È único jeito. Nu dá dotor. Se im 111 ano num arresorveu, num arrsorve mais.

A ileição dos deputado tá chegano. Essa súcia braba, cum fome de voto vai batê de novo lá na porta do meu paió. Num vô recebê nenhum deles, nem bebê cerveja cós figurão. São tudo gente inganosa. Cheia de manha. Se um desses que fala muito e faz pouco aparecê aqui no bairro, eu vô dá mêmo, cum muito gosto, uma enxada “Duas Caras”, bem pesada pr’eles sentirem o gosto do pau de guatambu. Preles saberem cumé que se trabaia no sór brabo, ferroado de furmiga.

Me adescurpe dotor por tomá vosso tempo, mais eu tinha que falá essas coisas que tão ingasgada antes de morrê. Antes de morrê, memo dotor, porque Jaú é muito longe i eu num agüento chegá até lá.

Assinado:
                                 Zé da Silva, um brasileiro trabalhador

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

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