Em sã consciência, do Brasil
não se pode dizer um País democrático.
Democracia implica ações que
atendam aos interesses do povo.
E, decididamente, aqui, o que
menos interessa é a população, muito embora o governo dela se sirva como massa
de manobra, confiante na histórica ignorância do “povão”.
Democracia condiz a governo do
povo, respeitado por seus representantes.
Aqui, reina solto o populismo,
que traz o respeito nos lábios, mas ações que o não traduzem.
Estamos num Brasil diferente,
dum governo de fato indiferente às reais necessidades da Nação.
Aqui, diante dos bolsões de
miséria de toda espécie, criam-se programas do tipo “bolsa família”, ditos de
inclusão social, pelos quais, em verdade, com objetivos nitidamente
eleitoreiros, se dá à população mais carente (inda a maioria no Brasil –
especialmente nas regiões norte/nordeste) a esmola da menor parte de tudo
quanto se arrecada (a maior carga tributária do planeta), erigida à condição de
cabresto de consciências distanciadas de autodeterminação.
Aqui, num País dito
democrático, o governo estabelecido naquelas bases e revestido dum projeto de
poder, alinha-se ao que há de mais ditatorial no cenário das nações, com
comprometimento, até, da soberania nacional.
Que o digam, por exemplo, os
episódios com os irmãos Castro, de Cuba, com o Evo Morales, da Bolívia, com o
falecido Hugo Chaves (sucedido por Nicolás Maduro), da Venezuela, com o Rafael
Correa, do Equador, e com a Cristina Kirchner, da Argentina. Isso, sem falar do
governo do Irã e de seu famigerado ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Note-se: em todos os episódios
conhecidos, na América Latina ou fora dela, o Partido no Poder nega seu
discurso democrático por ações e coalizões reveladoras, justamente, do
contrário – certo de que a falta de esclarecimento popular (da maioria da
população) lhe assegurará, quanto possível, continuidade no poder.
De fato, o conhecimento liberta
e a ignorância escraviza! O povo brasileiro inda é escravo dum sistema de Poder
(tido por sistema de governo) que, sob a capa ilusória da palavra “democracia”,
essencialmente, traduz a pior das ditaduras – a da hipocrisia escancarada, que
teima em se esconder.
Dos impostos extorsivos,
aniquiladores do bom ânimo das pessoas, quase nada se dá de volta (veja-se da
indiscutível falta generalizada de infraestrutura). Enquanto isso, o País
naufraga numa sucessão interminável de escândalos, nunca dantes vistos em sua
história, qual navio à deriva em meio ao mar revolto.
Nesse contexto, naturais as
revoltas sociais, fruto da indignação daqueles que, embora no Brasil, já se
fizeram seres pensantes, com uma certa noção do gritante índice de corrupção e
dos inconcebíveis desvios de verbas públicas – segundo dão conta as notícias do
dia a dia.
O Brasil tem fome, inclusive de
justiça. Enquanto o Porto de Santos, maior escoadouro da produção nacional,
soçobra em meio a dificuldades de toda ordem, a presidente envia à parceira
Cuba (aos “irmãos companheiros”) muitos milhões de reais (para construção dum
porto). Mas, o que importa? Aqui reina a mesmice de consciências que dormem,
inscientes do que se passa – é do que, decerto, pensam.
O Brasil tem fome, também de
coerência. Democracia não se alinha a ditaduras..., não se omite diante do
morticínio do povo nas ruas – como sucede, hoje, na Venezuela. Existem
silêncios bem piores que ações equivocadas. Segundo ditado popular, “diga-me
com quem andas e te direi quem és”. O discurso não basta. Faz-se preciso ação
positiva que lho referende.
As escolhas brasileiras têm
sido feitas e estão sendo feitas. Mercê delas, apresentar-se-ão soluções ou
escolhos (obstáculos), de importância crucial para a vida de todos nós e de cada
um de nós, brasileiros de todos os rincões do País.
A insatisfação é própria de
quem sabe que existe algo melhor; de quem quer viver uma vida melhor; de quem
está farto dos enganos a que nos habituamos, como se fossem coisas naturais.
Numa democracia de verdade, não é natural o distanciamento do verbo e da ação,
da atitude e da fala. Quando não convergem, como aqui tem acontecido, algo
muito estranho reina, com sinais evidentes de que inda se trata duma
“democracia de papel”, presente nos discursos e ausente da vida das pessoas.
Enfim, tudo está nas mãos do
povo. Suas escolhas, boas ou más, dirão do nível futuro de suas vidas. Há quem
nada exija, para quem o pouco é muito. Porém, como dito pelo apóstolo Paulo,
quando se deixa de ser criança e se torna adulto, o caldo ralo da infância não
mais satisfaz, fazendo-se preciso alimento mais substancioso. Assim também na
vida das Nações: pouco evoluídas, alinham-se ao que há de pior e não se
queixam, as pessoas, do quase nada que se lhes dá; mais progredidas, alinham-se
ao que há de melhor e, já seres pensantes e com autodeterminação, as pessoas
passam das queixas ao efetivo exercício da cidadania, ao nível da exigência da
vida melhor que queiram de fato levar.
Torçamos (este o termo), pois,
pela emancipação do povo brasileiro, para que as más escolhas não continuem a
gerar os escolhos deste difícil momento da Nação, inda entregue ao discurso
populista duma democracia ausente e distante, a reboque de interesses que em
nada condizem com as reais necessidades e expectativas da população. Avante
Brasil!
Edison Vicentini Barroso –
magistrado e cidadão brasileiro.
“Tudo que é preciso para o triunfo do mal, é que as pessoas de bem nada
façam." (Edmund
Burke)
Estamos no FaceBook perfil Crônicas hora h
http://www.facebook.com/cronicas.horah
Nenhum comentário:
Postar um comentário